"Os bons vi sempre passar/ no mundo graves tormentos;/ e, para mais m'espantar,/ os maus vi sempre nadar/ em mar de contentamentos."
Luís Vaz de Camões, cidadão bem experimentado, dentro e fora do nosso retângulo, sabia do que escrevia. Mas também devia concluir que as coisas nem sempre são lineares, porque
"Cuidando alcançar assim/ o bem tão mal ordenado, / fui mau, mas fui castigado:/ Assi que, só para mim/ anda o mundo concertado".
Afinal, devemos procurar o bem ou não (...)
Ainda a tossicar à conta de uma gripe tramada, venho a uma esplanada com vista para os outros. Não há como uma maleita comezinha mas restritiva para sentirmos que ficámos à parte da vida normal e que temos de merecer a reentrada no clube...
Fazer o quê? Retribuir uns cumprimentos, apreciar as movimentações da gente ativa, enjoar das news no televisor ao lado?
Acabo por olhar os traços brancos que os aviões traçam no céu... É melhor sonhar!
O S. Martinho chegou muito cedo com o seu verão e, preguiçoso, arrasta-se por aqui como se não houvesse negacionistas das alterações climáticas. Mas há-os, muito vocais e até vencedores, então, o santo bem pode levantar a cabeça e assumir, sozinho, a causa deste efeito. Assim como assim, as tradições conseguem ser demagógicas...
Ligo o computador 2 x por semana e pimba!, lá está uma ou várias atualizações à espera para serem instaladas. E se aquilo leva tempo...
Com estas cenas políticas que vamos observando (e vivenciando cá no retângulo), fico a pensar que vamos ficando desatualizados: a defesa de valores - democracia à cabeça, mas também liberdade, ética nas relações humanas, solidariedade - o que designamos por ideologia social, vai interessando pouco a cada vez mais pessoas, que só querem (...)
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam,
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas,
inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas,
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem as recolhe, assim , cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
(Eugénio de Andrade diz-nos o valor que as palavras têm e o poder de que alguns abusam)
Amanhã, neste momento atmosférico, ainda serão 8 e picos... Quando eu estivesse a caminho do café matinal, estarei a considerar se me importo que me rotulem de coruja. Porque saio à hora que sair! Sou uma pessoa de hábitos...
Literalmente.
Não sei a razão pela qual a música é tão importante. Qualquer coisa das modulações sonoras a conjugarem-se com os neurónios; algo primitivo a acertar com os batimentos cardíacos?...
Isto merece (a meu ver) investigação. Ou, se calhar, já está investigado e eu é que desconheço.
Esclareçam-me, s.f.f.
Já repararam como o universo (e, até, o multiverso) está mais sábio? Ele é conhecimento ecológico, ele é práticas económicas ou capacidade social - é um continuum de melhorias, feitinhas para enriquecerem a nossa vida.
A questão está onde encaixar os soundbites que enxameiam as pantalhas digitais, saídos das mentes brilhantes dos que querem que chega...
O Dom Corleone tinha pinta e sabedoria e crueldade bastante para manter o pessoal das famílias e nós, simples espectadores, seguros pela trela.
Essa arte perdeu-se, fica o refugo das propostas "he can't refuse"... Haverá sequelas?
Feliz eu seria num prado açoriano, verdejante e colorido com hortênsias variadas, apanhando uns aguaceiros vadios, cheirando o ar marítimo?
Se fosse vaca leiteira - que não sou, nem o é esta gentinha que nos entope os tímpanos todos os dias... Mas parece que são, dada a repetição sistemática do seu parlapiê.
E essa ruminação até podia ser admirável, se alterasse ritmo, se acrescentasse condimentos vocais...
Qual quê! É a mesma coisa, dia após dia. Quem tem pachorra (...)
Os humanos adultos, dotados de livre arbítrio, raciocínio abstrato, engenho e arte na procura do que lhes vai melhor para a vidinha - são também previsíveis. Que o digam os detetives com pendor psicológico das séries policiais; que o demonstrem os larápios que nos entrem em casa e, sem barafunda, vão aos sítios certos para gamarem os cordões de ouro...
Mas o que pode ser imprevisível é a opinião. Só que há uma que ouço por minutos na rádio Observador que não falha: se, (...)
Fui ao jardim da Celeste 🥀🪗, cantavam primas e primos, nos idos da juventude... Hoje, que começa o outono, lembro o futuro de jardins e natureza selvagem, porque nunca é demasiado cedo para pensar nisso.
Não deixemos as cinzas arrefecerem, para as sentirmos esfarelarem-se nas mãos, sofrermos com o calor com que ainda ameaçam, olharmos o seu arrasto pela terra cadavérica.
Obriguemos a que explicações sejam apresentadas, responsabilidades concretizadas e assumidas.
Não deixemos que as ladaínhas governamentais nos iludam, que o tom jocoso ou emaciado das palavras nos aliviem.
Não me peçam calma!
Devíamos poder desligar as funções menos básicas do organismo, em caso de condições externas menos confortáveis.
Devíamos conseguir esquecer coisas e pessoas que não adiantam para o nosso bem-estar.
Devíamos atar e desatar mais facilmente o que condiciona o nosso melhoramento pessoal.
Ser estóico não me parece que seja um estado normal do ser humano. Porque, como dizia outro, "eu, é mais bolos"!
Gosto de rabiscar uns desenhos (depois, colori-los ou não é outra etapa) e só não tenho a disciplina dos verdadeiros sketchers porque me encolho de fazê-lo em público... O erro é difícil de aceitar, as educações antigas marcaram a vergonha a ferro em brasa nas nossas infâncias inseguras.
E daí eu penso: a vida é um desenhar sem borracha -- ou aceitas ou tornas-te num bicho de conta que nunca esticará as pernas!
Estão a ver aquelas ideias que se enterram nos miolos e arriscam a ferrugem? Cismas que um cérebro racional pode criar, desenvolver, alimentar estupidamente... E, como na cantiga, quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga: inação, dores de cabeça, desânimo, vontade de se atirar a um poço.
Se temos a sorte de, em certa altura do processo, conseguirmos alguém que nos ouça e que nos fale, aquelas cismas começarão a esboroar-se e a mente cora de vergonha e alívio! Safa!
(...)