Não deixemos as cinzas arrefecerem, para as sentirmos esfarelarem-se nas mãos, sofrermos com o calor com que ainda ameaçam, olharmos o seu arrasto pela terra cadavérica.
Obriguemos a que explicações sejam apresentadas, responsabilidades concretizadas e assumidas.
Não deixemos que as ladaínhas governamentais nos iludam, que o tom jocoso ou emaciado das palavras nos aliviem.
Não me peçam calma!
Devíamos poder desligar as funções menos básicas do organismo, em caso de condições externas menos confortáveis.
Devíamos conseguir esquecer coisas e pessoas que não adiantam para o nosso bem-estar.
Devíamos atar e desatar mais facilmente o que condiciona o nosso melhoramento pessoal.
Ser estóico não me parece que seja um estado normal do ser humano. Porque, como dizia outro, "eu, é mais bolos"!
Gosto de rabiscar uns desenhos (depois, colori-los ou não é outra etapa) e só não tenho a disciplina dos verdadeiros sketchers porque me encolho de fazê-lo em público... O erro é difícil de aceitar, as educações antigas marcaram a vergonha a ferro em brasa nas nossas infâncias inseguras.
E daí eu penso: a vida é um desenhar sem borracha -- ou aceitas ou tornas-te num bicho de conta que nunca esticará as pernas!
Estão a ver aquelas ideias que se enterram nos miolos e arriscam a ferrugem? Cismas que um cérebro racional pode criar, desenvolver, alimentar estupidamente... E, como na cantiga, quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga: inação, dores de cabeça, desânimo, vontade de se atirar a um poço.
Se temos a sorte de, em certa altura do processo, conseguirmos alguém que nos ouça e que nos fale, aquelas cismas começarão a esboroar-se e a mente cora de vergonha e alívio! Safa!
(...)
Apesar da corruptela que se vai ouvindo aqui ou ali, é tempo de re-pensar o novo ciclo. Se, na passagem de ano, nos ocupamos em idealizar futuros próximos, quando setembro bate à porta fazemos contas à vida: o IRS vai ser benevolente, as guerras vão continuar a enxamear os noticiários, os sapatos de inverno estão utilizáveis?...
Verão, p'ra que te quero?
Sarampelho dos macacos, Covid-19, vespas asiáticas, pulgas, pombos que cagam no vosso carro...
E há MUITAS outras, é só imaginar, elas existem!
Que fazer? Aguentar estoicamente, arranjar mais uma teoria da conspiração, fugir para Marte (hein, Musk, dás boleia?)...
Toni Morrison (Pulitzer de ficção, Nobel da literatura em 1993) desenvolve a personalidade de Sula, uma rapariga, depois mulher, na primeira metade do séc. 20. Esta autora afro-americana conhece bem o ambiente dos negros segregados, política, social, cultural, económica e humanamente. Este retrato vive dos comportamentos e da descrição de sentimentos, mas também de algumas peripécias. Dou por mim a pensar que, naquele tempo, um negro era um negro, não era preciso dar voltas à (...)
Ouvi uma médica da voz falar coisas interessantes, até ao momento em que diz que o pigarrear, o aclarar a garganta, faz mal às cordas vocais... Mas, então, isso não se ensina na escola? Andamos uma vida toda a errar clamorosamente e só agora nos avisam? Está mal...