Toni Morrison (Pulitzer de ficção, Nobel da literatura em 1993) desenvolve a personalidade de Sula, uma rapariga, depois mulher, na primeira metade do séc. 20. Esta autora afro-americana conhece bem o ambiente dos negros segregados, política, social, cultural, económica e humanamente. Este retrato vive dos comportamentos e da descrição de sentimentos, mas também de algumas peripécias. Dou por mim a pensar que, naquele tempo, um negro era um negro, não era preciso dar voltas à (...)
Ali estão duas pessoas que ficaram amigas depois de uma bela gargalhada, para, tempos depois, se tornarem inimigas... na sequência de outra gargalhada.
Vá-se lá perceber os meandros da razão, ou da falta dela!
É impressão minha ou a vida é uma catrefada de maus acasos?
Na última Visão, a entrevista com Charles Duhigg (jornalista norte-americano, prémio Pulitzer) esclareceu-me sobre processos que levam ao sucesso na comunicação (individual e em palestras, mas esta última situação não me interessa).
1. Para comunicar, temos de criar uma ligação e estar atentos aos outros.
2. As conversas são de 3 categorias: a) prática (para resolver um problema, fazer planos); b) emocional (partilhar sentimentos para encontrar empatia); c) social (explorar (...)
Finalmente, vou entrar no segredo dos grandes comunicadores! É que tenho falhado todas as minhas expectativas, logo, tenho andado a balbuciar, a entaramudear palavras e uma pessoa cansa-se de não ser ouvida e o ser humano, sabe-se, anda aqui para dar nas vistas... Mas, primeiro, a bica da manhã.
Os cachorros andam mais destemperados, as pessoas menos benevolentes, os barulhos mais vibrantes, os penteados ultra-ridículos, os 'pneus' mais ofensivos...
Digam-me que é só impressão minha e deito-me já da janela abaixo!
Pois não era mais humano
Morrer por um bocadinho
De vez em quando
E recomeçar depois
Achando tudo mais novo?"
José Gomes Ferreira tem razão, até porque, se aos quarenta começamos a reparar na vida, só aos cinquenta, aos sessenta, é que se vai escrutinar a existência, apreciando cada detalhe... Mas, aí, hélas! , o relógio entra em modo de alarme.
Hidratação vs calor: o que escolher? Meloa, melão ou melancia? A leitura hoje começa no Google, a recapitular o difícil processo de escolha da fruta mais eficaz para ultrapassar as horas de calma. Toc-toc na casca, apertões e observações do caule ainda agregado (ainda se vê?)... Ai! Como é árdua a resistência aos elementos...
Oscar Wilde: "Nunca viajo sem o meu diário. É preciso ter sempre algo extraordinário para ler no comboio."
Se queremos ser espirituosos, criativos, sem resvalarmos para o kitsch... não conseguimos! Temos de nos contentar com uma linguagem limpa e esperar encontrar leitores benevolentes.
(Os multiversos são uma nova versão das realidades alternativas, mas melhor aproveitáveis para, com as devidas... distâncias, nomearem o que encontro nos transportes públicos onde às vezes ando.
O multiverso onde entrei ontem continha 4 géneros humanos, 3 tons de pele, n formas e feitios e era um poço de conhecimento.)
-- A vizinha do primeiro esquerdo disse-me que ele se suicidou!
-- Mas alguém sabia que tinha problemas?
-- O que era certo é que aquilo já não (...)
e aguenta!
Vivemos numa fogueira de vaidades, mas quem se queixa das queimaduras é quem não entra no 'círculo'. Se eu, sabendo quantas vezes as minhas palavras são mal interpretadas, me devia controlar mais, por que não podem os outros fazer mais silêncio?...
Quem muito pensa pouco acerta? Quem muito procura perde o azimute?...
Nestes tempos de cólera, entre berros e insultos, queremos que alguém tenha culpa -- é humano. Tal como humano é aquele que desvaria. Em que é que ficamos?
Cá pra mim, que não sou de modas, quanto mais ouço o pessoal falante mais desejo desligar a ficha e fazer reset... Vou atingindo o ponto de não retorno, quando considero admirável uma pessoa que não conheço. Dá para crer?
Vocês também sofrem por antecipação?
De cada vez que ouço dizer que as temperaturas vão subir, entro em... ebulição mental.
Como é mesmo aquele truque do gelo em frente da ventoinha?
Todos temos uma, mesmo que não se faça ouvir. Queremos que a diferença se note, que o tom nos identifique, que o estilo marque uma presença única. Queremos o aplauso, a concordância. Desejamos arrastar os outros com o nosso entusiasmo...
Só alguns conseguem: são os que nos marcam rendez-vous na livraria ou nos assobiam boas vindas digitais!
Tenham um frutuoso Dia do Livro.
Que tempos os nossos! Entre as fake news e as sugestões de verdade -- venha o diabo e escolha, que nós ficamos sempre à rasca!
É que pouca sinceridade é algo perigoso, mas muita sinceridade é fatal... Conforme o lado de que se vê a coisa 🤔
A propósito dos dizeres de gente pública, nos últimos dias (e desde sempre), veio-me à ideia a frase de Oscar Wilde "A ambição é o último recurso do fracassado".
O que ambicionam as pessoas ao dizerem o que dizem? Só elas sabem, até que o digam... Especulamos, também nós falamos, o que é que ambicionamos?